terça-feira, 26 de dezembro de 2017

GETÚLIO - SEGUNDO CAPÍTULO


2º Capítulo

Na verdade a liderança foi do Gal Tasso Fragoso, com o apoio da maioria da Força Militar, que se opunha a permanência de Washington Luis, que tentou impor o resultado que lhe favorecia, embora fraudulento, segundo se afirmava, chegando a convocar reservistas para resistir à revolução, sendo preso e conduzido para o Forte de Copacabana, até ir para o exílio na França.
Daí o Gal. Telegrafou para Getúlio comunicando que todos o esperava para assumir a chefia do Governo.
Até a data de 20 de julho de 1934, Getúlio assumiu o Governo com a Junta Governativa, composta pelos seguintes membros: Gal. Tasso Fragoso; Gal. Mena Barreto; Contra-Almirante Isaias de Noronha. Nesta data, através de eleição indireta foi Getúlio eleito Presidente Constitucional, com mandato até 10 de novembro de 1937 e a partir desta data até 29 de outubro de 1945, constituiu-se o governo denominado Estado Novo.
Em 1932, São Paulo, ainda insatisfeito com os rumos da política, opondo-se a Getúlio, tenta uma Revolução que denomina “Constitucionalista”, sob a liderança do Gal. Euclides Figueiredo (pai do futuro Gal. João Batista de Figueiredo), sendo sufocada e derrotada, embora tenha recebido o apoio de Minas Gerais, sob a liderança do ex-presidente Artur Bernardes.
Na eleição de 1934, Getúlio teve como concorrentes nove candidatos e o único que se aproximou dos votos por ele recebidos, foi Borges de Medeiros com 59 votos contra 175 recebidos por Getúlio. Os demais não receberam mais de 5 votos.
Dentre as situações adversas, Getúlio enfrentou dois grupos políticos de destaque e importância histórica, que foram – os Integralistas comandados por Plínio Salgado – adepto do nazismo e do fascismo; e a Aliança Nacional Libertadora, adeptos do socialismo e do comunismo, tendo como líder Luis Carlos Prestes.
Em 25 de março de 1935, em carta dirigida ao Embaixador do Brasil em Washington, Oswaldo Aranha, comunica que resolveu fecha a ANL, embora esta tivesse uma grande simpatia de boa parte dos militares, até porque Prestes fazia parte de um grupo denominado Tenentistas.
A Ação Integralista continuava a existir, acredita-se, pela força que representava O Nazismo e o Fascismo, no mundo à época, em virtude dos seus avanços na 2ª Guerra Mundial.
Fato curioso ocorreu em 1937 com a presença do Capitão Olímpio Mourão Filho (aquele que em 64 comandou as tropas de Minas Gerais para o Golpe que derrubou Jango e implantou a ditadura no Brasil em nome dos EUA, por 20 anos), à época membro dos Integralistas, que forjou um atentado “comunista”, com o pretexto de “combate aos vermelhos”

26/12/2017.


Continua no próximo capítulo.   

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

GETÚLIO VARGAS


GETÚLIO VARGAS E O SÉCULO XX


GETÚLIO VARGAS E O SÉCULO XX

Iº Capítulo

Getúlio Dornelles Vargas, nascido em 19 de abril de 1882, na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul.

Apelidos: Gegê; Getulinho e Pai dos Pobres.

Presidente do Brasil:

Governo Provisório – 3/11/1930 à 30/07/1934.
Governo Constitucional – 20/07/1934 à 10/11/1937.
Estado Novo – 10/11/1937 à 29/10/1945.
Eleito em 1950 - Governa de 31/01/1951 à 24/08/1954.
Era um homem de estatura física pequena, com 1m60 de altura, mas de uma coragem e tenacidade gigantesca. Definido por alguns biógrafos, como pessoa afável, de sorriso fácil, jovial, brincalhão, de boa memória, disciplinado ao extremo. Agnóstico, nunca foi hostil com as religiões. Formou-se em Direito aos 25 anos de idade, em 1907.

Em 1930 liderou a Revolução que destituiu Washington Luis.

Antecedente e motivo da revolução:

Em 1929 Getúlio participa da criação do Partido “Aliança Liberal”, que o lançou candidato a Presidente da República, nas eleições de 1º de março de 1930, representando a união de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraiba, contra a manobra de Washington Luis para manter São Paulo no poder, lançando Júlio Prestes do Partido Republicano Paulista.
Júlio Prestes ganha com pouco mais de 1 milhão de votos, contra 744 mil de Getúlio. Alegam fraude, manobras e vícios e o resultado não foi aceito pelas forças políticas que comandavam o país. Em 26 de julho de 1930 João Pessoa, que saíra candidato a Vice na chapa de Getúlio, foi assassinado em Recife, acendendo o estopim para a revolta popular, estabelecendo condições para a Revolução de 30, assumindo o Governo da República, uma Junta Militar, sob a liderança de Getúlio.

21/12/2017.

Continua no próximo capítulo.    


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

SER COMUNISTA


SER COMUNISTA (ou o Canto de um colonizado)


Se estudar latim, grego,
Francês, espanhol, italiano, idich,
Português e esperanto,
È ser comunista,
Então sou comunista.

Se estudar Filosofia,
Psicologia, psicanálise,
História, geografia,
Ciência e astronomia,
Cosmologia e Metafísica,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ler Rousseau, Voltaire,
Diderot e D’Alembert,
Montesquieu, Sartre,
Platão, Aristóteles,
Cícero e Bertrand Russell,
É ser comunista,
Então sou comunista.
Se conhecer as teorias
De Anaximandro, Anaxímenes,
Tales de Mileto, Anaxágoras
E Sócrates,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se entender Marx, Engels
E Hegel,
Thomas Moro,
Erasmo de Rotterdam,
Lênin e Trotsky,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ter como ídolos
Confúcio, Lao Tsê,
Sidarta, Mê Ti,
Farias Brito e Mario Ferreira dos Santos,
Regis Jolivet, Roger Garaudy,
Fidel e Che,
Getulio e Jango,
É ser comunista,
Então sou comunista.
Se abominar o entreguismo da Nação,
O antipatriota, o corrupto,
O apátrida, o traidor,
O fanático de todas as crenças,
O cafetão do povo,
O idiota e o idiotizado,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se ser poeta,
Amar e declamar,
Goethe, Victor Hugo,
Camões e Bocage,
Augusto dos Anjos e Castro Alves,
Milton e Camões,
Sem esquecer Homero,
É ser comunista,
Então sou comunista.

Se canto com garbo –
“Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mão gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil”.
É ser comunista,
Então, com muita honra,
Sou e serei comunista,
Marxista, Leninista,
Trotskista, Hegeliano,
Engelsta, Guevarista,
Getulista, Janguista
E brasileiro nacionalista.

Feira de Santana, 29 de outubro de 2017

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

VERSOS PARA ILIANA - do Livro VERSOS LIVRES

                             FELIZ ANIVERSÁRIO ILIANA


Não canto parabéns pra você,
Porque é a música mais chata do mundo;
Nem falo de amor vida a vida
Porque não nos pertencemos.
Não rezo missa
Porque odeio o clero vagabundo,
Nem digo tolices
Porque te desejo como amiga
e como eternidade.
Falo do amor... Platônico
Que há na gente inteligente
Como a gente.
Falo da confirmação dos nossos entendimentos,
Apesar da distancia luminar
Que existe entre nossos corpos
De segredos.
Falo da intimidade
Que se houvesse, nos diríamos
Verdades transcendentes.
Falo da identidade que há
Entre os deuses do Olimpo
De nossas consciências.
E a minha ciência
- o amor indefinido
E indiviso...
Mais psíquico que somático,
Mais etéreo que terráqueo,
Embora com saudade
Dos que vivem a matéria bruta
Do corpo a corpo,
Do chão a chão. 
Falo do senão
Obrigatório do convencionalismo;
Do meu enredo de família,
Das minhas risadas francas,
Do silencio,
Da gônada do nada
Que une razões sem razão determinada.
Falo de nós dois. 

              Belo Horizonte, 1974.



quarta-feira, 1 de novembro de 2017

ARAUTOS DO CAOS


     ARAUTOS DO CÁOS

Americanófilos,
Homofóbicos,
Machões,
Homossexuais,
Bissexuais,
Lésbicas,
Hermafroditas,
Apátridas
E traidores,
Leonino,
Rotarianos,
Maçons,
Evangélicos ensandecidos,
Falsos profetas,
Idólatras,
Homens e mulheres
De um só livro
Que os doutrinam;
Analfabetos e alfabetizados,
Pseudo-intelectuais,
Corruptos e corruptores,
Vendilhões da Pátria,
Ignóbeis seres
Perdidos na ignomínia,
Míseros pastores de ovelhas
Mocas e imbecilizadas,
Idiotas e idiotizados,
Sem exclusão dos idiotizantes,
Mequetrefes infelizes,
Mentes atrofiadas,
Escravos do capitalismo voraz,
Vendilhões da Pátria -
Arrependei-vos
Da própria indignidade
De serem servis!
Deixem o Coliseu
Onde as feras devoram
Cristãos e Ateus,
Mitômanos, cientistas
E intelectuais.
Visitem o Louvre,
O Quartier Latim,
Andem margeando o Sena,
Meditem!...
Leiam Rousseau, Voltaire,
Diderot, D’Alembert,
Montesquieu e Auguste Comte,
Pensem se puderem pensar,
Nos Enciclopedistas,
Retrocedam a 1789,
A 1917 e até 1930,
Percebam a Revolução dos homens,
Mulheres e crianças,
Que mudaram os seus mundos
E os transformaram em sociedades humanas
Dignas e patrióticas.
Ouçam a voz de Jean Valjean,
Reflitam em Victor Hugo
O andar dos Miseráveis.
Espelhem-se em Mao Tsé Tung,
Em Lao Tsé,
Em Lênin, em Trotski,
Não permitam
Que a herança de Batista
Com seu bordel,
Nos atinja.
Visitem Cuba a libertária
Em sua humildade de fazer Doutores,
E Seres independentes, sem fome.
Aventurem-se
Em Alexandre Dumas
E nos deixem sair das masmorras
Da indignidade,
Onde não temos a oportunidade
De ler Alfred de Musset,
Alfred de Vigny,
Flaubert, Paul Sartre,
Balzac, Proust,
Stendhal e Camu.
Reflitam se puderem,
Se ainda resta em vossas consciências,
Um pouco, sequer,
De inteligência e dignidade,
Nos caminhos tortuosos
Que trilham e tentam nos levar.
Visitem Notre-Dame de Paris,
A Catedral Sacré-Coeur de Marie,
O Louvre,
Voem com Antoine de Sant’Exupery,
Façam um vôo noturno,
Ou, viagem com o Pequeno Príncipe,
Vejam as estrelas e sintam
Que não as possuem,
Nem podem ofuscar os seus brilhos...
Permitam que as suas luminosidades
Vos informe das suas insignificâncias
Diante do firmamento e do espaço cósmico.
Vossas mentes
Terão que alcançar Buda,
Confúcio, Lao Tsé,
Mao Tsé Tung,
Lenin e até Fidel,
Libertários a ser seguidos,
Ou, pelo menos,
Peguem uma carona
Na moto de Che Guevara,
Até que possam entender
Que mais vale a Pátria amada,
Do que a amada Pátria alheia
Que vos corrompe
E que nos domina, nos escraviza
E nos coloniza.

                   Em uma tarde de indignação, com o rumo da Nação Brasileira, combalida e dominada por forças alienígenas.


         Feira de Santana, 05 de agosto de 2017. 

sábado, 21 de outubro de 2017

ILUSTRAÇÃO PRAÇA DO NORDESTINO


CRÔNICAS

PRAÇA DO NORDESTINO


(Da série Filhos da Princesa).


 Dos filhos da Princesa que habitavam a Praça do Nordestino, como era conhecida, ainda me lembro, - Sevilho Carneiro o fazendeiro honrado com imensas terras no distrito de Jaguará; o Promotor de Justiça descendente de Castro Alves - o poeta dos escravos de versos líricos e libertários que pregava – “Oh! Bendito o que semeia Livros... livros a mão cheia e manda o povo pensar, o livro caindo n´alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”. O que dizia “Sou pequeno, mas só fito os Andes”. Lembro da família Cunha de D. Tereza de brilhantes festas em sua residência reunindo amigos para comemorar aniversários inesquecíveis, de prole digna; de Dona Petu com sua altivez, de ar tranqüilo como a rocha que não se abala com as intempéries, e de seus netos que se fizeram doutores e professores honrando a Princesa; da moça linda da esquina com a Rua Carlos Gomes, que passava fagueira pisando macio, de corpo leve e escultural, que como uma garça sombria trazia inveja no seu caminhar; do moço que por algum tempo roubou minha namorada da Usina de Algodão; de Teodorico próspero comerciante; da Pensão Brasil de Mané Quaresma que mesmo com muitas andanças pôde educar seus filhos; Barreto o bancário e sua glamorosa esposa das colunas sociais de Eme Portugal, com o bom vizinho Chico Maia de saudosa lembrança. Ali naquele logradouro público, imponente, ficava o Abrigo Nordestino do encontro de boêmios vindos de suas serenatas, onde se tomava o bom conhaque de Alcatrão São João da Barra para “cortar a gripe” colocando-o no pires com um pouco de açúcar, riscando o fósforo e tocando fogo, após, abafando, era servido em taça ainda quente, antes do sono do guerreiro. Muitas foram as noites que pela madrugada de violão em punho, vindos das serestas, cantávamos o vasto repertório de Francisco Alves, o Chico Viola, Rei da Voz – “A lua vem surgindo cor de prata, do alto da montanha verdejante, na lira do cantor em serenata, reclama da janela a sua amante...”. Pois é, como dizia Ataulfo Alves – “falaram tanto que a morena foi embora...”, e foram todos. Restam casas comercias na agonia do materialismo voraz, do eterno enriquecer e até o abrigo de muitos encontros transformaram em loja de confecções. Não mais o pão com manteiga, o cafezinho quente, o conhaque e o bom churrasco servido para os homens da noite e para os viandantes de plagas distantes que passavam cruzando norte/sul e vice versa. As famílias hoje se abrigam em Condomínios protegidos por guaritas e seguranças, fugindo dos marginais gerados na “barriga da miséria” (Chico Buarque). Não mais as matinês do Cinema Íris de Belarmino com sua lanterna a retirar os “moleques” do ressinto, das segundas-feiras das fitas de Caubói, de Billy Elliot, Zorro, Roy Rogers, Cavaleiro Negro, Flash Gordon no Planeta Ming, O Gordo e o Magro, Três Patetas, das cortinas abrindo ao som de “Oh abre a cortina do passado, olha a mãe preta do serrado, olha o rei momo no gongado, Brasil... Brasil”. Penso minha Princesa, que o progresso é a contramão do humanismo e o materialismo é a estrada por onde vão par e passo a fartura e a fome, caminhando juntos para o nada.

Feira, 11.06.2009. 



                        MILTON DE BRITTO

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

POEMA Nº 4 - LIVRO "O EU SOFRIDO"

Deixe-me pensar,
Vagar ou divagar
Sem nenhuma afirmação
Ou negação, absolutas;
Viver o circunstancial
À tua presença,
Em convivência sem conveniência
Outra, senão a de nós dois.
Deixe-me fugir ao pré-determinado,
Saber que não afirmo
E não defino.
Que não busco a explicação
Mais ou menos lógica.
Que não quero e não pretendo
O certo ou o incerto;;;
Que busco apenas
"A lógica do nada".

Deixe-me pensar,
Vagar ou divagar
Sem nenhuma conclusão;
Sem temor e sem tremor;
Sem razão ou com razão;
Sem ódio e sem amor;
Na pretensão apenas
Da "lógica do nada".

A metafísica, a praxi,
O empíreo pensamento humano,
A verdade e a mentira,
A glória e o obscurantismo,
A física,
A dor,
A voz,
O sentimento,
A valsa,
O verbo,
O nominalismo...
Uma série de conceitos
Formulados e determinados.
Explicações perenes, pretendidas,
Mentalidades confusas e finitas.

Invejo a fé e a pretensão
Dos absurdos,
E tantos creem...
E versificam
E supõem...
E tanto se pretende,
Enfim, na humanidade...
E tanto se propõe
Humanamente,
Para a dízima - eterna -periódica,
Do problema:

 "A lógica do nada".

05/06 à 08/06/68.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

PUBLICAÇÃO DOS MEUS LIVROS E CDs


Poeta desde o ano de 1952. Sai da gaveta para a edição de livro em 1989, embora tenha publicado diversos Poemas em Jornais e Revistas, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e na União Soviética, além de vasta distribuição de Poesias no Largo do Machado, quando lecionava na Paróquia da Glória, como ato revolucionário contra a ditadura militar de 64.
Abaixo, uma das Poesias:

Eis-me aqui, oh Deus!
Inerte, sem a movimentação
Comum dos homens;
Sem um pensamento nobre,
Para consolar os duvidosos
E os sofridos como eu.
Sem uma palavra de fé
Que possa ratificar
A crença dos idólatras.
Sem um olhar, porque não percebo...
Sem amor, porque não o sinto.
Sem concepção alguma
Porque não me foi dado
O direito de pensar
Ou assimilar ainda, coisa alguma.
Eis-me aqui, Senhor,
Em minha inocência
Ainda mal nascida.
Eis-me aqui, privado
Até mesmo das obrigações
Mais Fúteis.
Calado, como por castigo,
Como se tivesse sido eu
O delator de Cristo.
Como se tivesse sido eu
O lançador da bomba de Hiroxima.
Como se fosse eu
A consciência do covarde.
Por que tenho eu que suportar, estático,
Em silêncio, sem voz para a defesa
Dos erros que não cometi?
Por que tenho eu que concordar
Com a morte de minha inteligência
Por nascer, embora cresça e desenvolva
A minha forma física de nada?
E tenho que vos crer, crença do mundo,
Antítese de todas as catátrofes
De que a humanidade gera sem limite
E sem Senhor.
E tenho que sonhar em cada alma,
A vossa imagem pura,
Porque assim determina o velho e o novo
Testamento dos homens.
E TENHO QUE VOS CRER?

1972.
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Poesia em homenagem a minha filha Simone que nasceu e viveu por 13 anos com vida vegetativa. Um grito de dor.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

RIO DE JANEIRO ABRIL DE 2017

Uma visita para reviver sonhos vividos e idos. Depois das estátuas de Noel em Vila Isabel, Caymmi em Copacabana, Tom Jobim em Ipanema, passeios por Santa Tereza como meu último pouso na Cidade Maravilhosa. Visitar Rio de Janeiro é sonhar acordado.Bar da Lapa, Alto da Boa Vista, Otto Lara Resende,Carlos Drumod de Andrade e a minha última residência em Santa Tereza. Aí estão - minha esposa querida - Eva e minha filha Yolanda com meu genro Leo, queridos e amados. Pra não esquecer.






RIO DE JANEIRO 2017 - UMA SAUDADE





segunda-feira, 4 de setembro de 2017

TANQUE VELHO



Tanque Velho da minha mocidade, dos meus brinquedos de criança, das minhas travessias aprendendo a nadar; dos peixes pescados para o almoço, secados ao sol, dependurados nas cordas, entremeados com as carnes bovinas que após secarem seriam armazenadas em barris de farinha de mandioca, para o feijão cozido de amanhã, degustado ao pé do fogão de lenha, sentado no cepo ao lado de minha avozinha que viveu 104 anos praticando o bem e abrigando os desvalidos, distribuindo terras com os trabalhadores com o pioneirismo de quem faz a reforma agrária que os governos negam, procrastinam e enganam. Tanque de águas profundas ladeando a Fazenda do mesmo nome, no agreste do Quaresma por onde aflora o mandacaru, a escassa mandioca e o raro feijão, embora próspero para o fumo do charuto, do cigarro de palha e do cachimbo. Por ai andei de “badogue” em punho na caça dos passarinhos que a infância não distingue, por desconhecer o compromisso com a fauna. Tanque Velho de Guilherme e Ildefonsa, primos que se casaram para a formação de uma família que se respeita de onde saíram Manoel e Dande, prósperos e simples cidadãos honestos, prenhe de conhecimento, autodidatas que o tempo levou sem piedade antes da hora. Poderia ter sido o bebedouro particular do minifúndio, mas não foi, porque se permitiu a todos a divisão de suas águas para matar a sede dos animais da redondeza, numa repartição pregada por aquele que o homem mau em sua ambição e inveja crucificou. Ainda me lembro do “FIFÓ” e do candeeiro, reclamados por Badinho que não dormia se não estivessem acesos. Lembro-me do cerco de quarana, único lugar para as necessidades fisiológicas, cujas folhas substituíam o “Tico-Tico” e o suave “Neve”. Lembro-me da folha de juá que meu avô usava para escovar os dentes brancos que nunca foram examinados por dentistas, pela forma sadia que se encontravam.
Por ali passaram “Mitoi” o comilão, “Agrário” o peão das cantigas e da peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho, que sabia de co. Tanque Velho sempre novo para as novas gerações, que não secou como não secam os olhos meus pelas lembranças de um tempo quando o homem ainda era puro e os casais se amavam, homem e mulher, porque se fez o mundo para a perpetuação da espécie. Do corredor com destino ao “Calço” e à casa de “Martide”, da casa de farinha e do beiju quentinho da mandioca ralada pelo cilindro circulando pela força do braço do homem impulsionando a Roldana; do bolo de puba da casa de Silvia casada com o vaqueiro Roque que meu avô abrigou, dando-lhes casa e terras para os seus sustentos. Tanque que se fez tanque pela mão do homem e que lhe retribuiu com a água para se lavar e para se beber. Por ali pousavam os marrecos e os “Espantas Boiadas”, depois de revoadas e cantos de acordar e fazer alegre o povo humilde. Se não fosses tu, com tuas águas calmas, eu não teria aprendido a nadar, inicialmente o nado de boi e depois o de braçada, que me deu condição para alcançar o mar. No cavalo em pelo, sem sela, apostei corridas, ganhando e perdendo algumas, que não tinha importância, porque o que valia era o prazer de sentir na velocidade o vento passando no meu rosto de menino levado pelo prazer de viver a vida sem as complicações da cidade grande, das ambições desmedidas e das disputas desleais a que o adulto se sujeita. Eu era feliz, chupando o azedo umbu, a jabuticaba e a cajá que colhia nas terras não muito férteis, mas satisfatórias da ultima gleba plantada no sertão dos meus antepassados, que não souberam administrar as sesmarias que o império os legou.
  
Feira de Santana,


Em um dia de saudade, do ano de 2011.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

POEMAS DE J G DE ARAUJO JORGE

Talvez seja o tempo...a vida...a idade...
mas a gente vai aprendendo a renunciar
a tanto que se quis...

A verdade
é que me acomodei de tal modo na minha infelicidade,
que quase que sou feliz...
J. G. de Araújo Jorge


Aí está um dos maiores poetas e sonetístas da língua portuguesa, que conheci. Professor do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

POEMAS DE VICENTE DE CARVALHO

A Flor e a Fonte

Vicente de Carvalho



"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!
" Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!...
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;
"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!...
" As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
vivente de carvalho

segunda-feira, 17 de julho de 2017

COMENTÁRIOS E CRÍTICAS AO JULGAMENTO DE LULA

UMA VISÃO JURÍDICA ABALIZADA - PASSO À PASSO.

professor da FGV Direito Rio Thiago Bottino destaca que o juiz "não poderia fazer considerações que não fossem estritamente jurídicas". Salah H. Khaled Jr., professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), ressalta que a sentença "soa como mera conjectura", e que "uma condenação não admite ilações". O professor de Direito Penal e Processual Penal, Fernando Hideo Lacerda, acrescenta que "não há prova para condenação pelo crime de corrupção e não há sequer embasamento jurídico para condenação pelo crime de lavagem de dinheiro".

"Se a dúvida permanece, a presunção de inocência do acusado deve prevalecer"
O professor Salah acrescenta que a "sentença não trouxe novidades". "Era previsível que Moro condenaria Lula, mas tudo ainda soa como mera conjectura. Uma condenação não admite ilações. O lastro probatório da narrativa condenatória não deve deixar margem para dúvida. Se a dúvida permanece, a presunção de inocência do acusado deve prevalecer. Penso que não há elementos suficientes para a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em questão." 

Sobre a consideração da palavra de delatores, Salah questiona: "Por que confiar na palavra de um delator? Ele é obrigado a dizer o que os negociadores querem ouvir. Se nada tem a dizer, obviamente não tem com o que negociar e, logo, é preciso inventar."
(continua na próxima semana).

sexta-feira, 7 de julho de 2017

O SORRISO DE VOLTAIRE

Em 2008, Fernando Eichenberg, escreveu para a Revista "Aventuras Na HISTÓRIA, Edição 55, uma matéria, cujo título se encontra acima, discorrendo sobre um dos maiores filósofos da humanidade, com o qual muito aprendi, merecendo uma reprodução de alguns destaques.

"Inimigo mortal da intolerância, o irreverente filósofo francês ressurge numa biografia que mostra como ele foi capaz de usar a opinião pública contra as injustiças da velha França.
Vitor Hugo, o consagrado escritor da obra prima "OS MISERÁVEIS", na comemoração do centenário de morte do filósofo, em 1878, declarou, diante da plateia reunida no Théâtre de La Gaîté, em Paris: "Hoje, há 100 anos, um homem morria. Ele morria imortal". considerado pai-fundador da Revolução Francesa, apóstolo da tolerância, crítico do fanatismo religioso e defensor dos oprimidos." Voltaire ao nascer, teve a vida por ameaçada pela fragilidade física, dando-lhe, os médicos, uma semana de vida, mas, a sua luta teria que lhe conceder longo tempo, o suficiente para legar à humanidade sapiência para os que seguiram os seus ensinamentos e exemplo para toda a humanidade, de como se deve pensar e agir diante de uma sociedade, muitas vezes, surda e idiotizada. Voltaire, iniciou sua vida literária, como poeta, mas, alguns versos satíricos, rendeu-lhe 11 meses de prisão na Bastilha. Após a sua libertação, obteve o perdão real e foi recebido por Philippe d'Orleans, regente, responsável pela sua detenção. Como prova de sinceridade, o nobre lhe propôs o pagamento de uma pensão alimentr. Na resposta, a lingua ferina de Voltaire não se conteve: "Eu agradeço Vossa Alteza por querer encarregar de minha alimentação, mas eu vos suplico de não se encarregar mais de minha moradia". Essa atitude irreverente acompanharia o filósofo em todos os seus embates - fossem eles pessoais ou universais".
"Escritor brilhante, Voltaire nasceu quase morto, mas morreu como imortal".

É o que ocorre com os que pensam, buscam a sapiência e legam o exemplo da dignidade de viver sem mácula e sem remorso, porque deu a sua contribuição pra melhorar a espécie humana.
Este é o papel do filósofo: estar a serviço da razão, da verdade e dos direitos humanos.

Em 07 de julho de 2017.

Milton Britto.
 
 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

quinta-feira, 29 de junho de 2017

JORNAL DO MUNDO -

O JORNAL DO MUNDO

Noticias:

Londres, 31 de dezembro de 1601.
A Lei dos Pobres

A assistência aos indigentes, questão que constitui um grave problema na Inglaterra, desde a supressão dos Mosteiros, foi mais uma vez o objeto da atenção dos legisladores.
A nova “Lei dos Pobres”, afirma expressamente o dever que têm as paróquias de socorrer seus indigentes.
Ela ordena que inspetores dos pobres nomeados pelos Juízes de Paz, recebam em cada paróquia uma taxa destinada a socorrer os indigentes. Estes inspetores serão igualmente encarregados de encontrar trabalho para os indigentes fisicamente aptos, de procurar casas para os indigentes e de arranjar aprendizados para as crianças.

(Publicado no Jornal do Mundo, na pág. 139).  

segunda-feira, 22 de maio de 2017

MINHA CAMINHADA

                        

Venho de um lugar
Não muito distante,
Onde existiam flores,
Pássaros sonoros
E gazelas coloridas,
De mato verde,
Por onde caminhavam homens,
Mulheres e crianças,
Sem susto e sem medo,
Tangendo ovelhas e cabras,
Porque o dia era claro
E a noite enluarada,
Com estrelas brilhantes,
Como pingos de luz,
No firmamento infinito,
Sem astrologia, sem questionamento,
Porque bastavam as explicações bíblicas,
Com origens divinas,
E assim bastava.

Venho de caminhadas firmes,
De cabeça erguida,
Por onde a vergonha não se envergonha
De ser honesta,
Para esconder suas razões,
Seus gestos e sua conduta,
Porque não há o que esconder
E não há do que se envergonhar.

Venho de jardins de flores coloridas,
De amores perdidos,
Que inspirou o luso
Em Amores de Perdição,
Que não passaram pelo inferno dantesco,
Nem pelo inverso travesso
Dos descompromissados
Com a liberdade de ir e vir,
Com sorrisos largos,
Sem choro e nem vela,
Mas com uma fita amarela
Inscrita com o nome dela,
Da amada de muitas poesias,
Sambas e canções
De uma noite de verão.

Venho da praça do povo,
Com as manifestações,
Pacíficas e alegres
Como se estivesse em festa
De irmandades platônicas,
Sem compromisso com a religiosidade,
Porque a fé emana do ser pelo ser,
Sem misticismo, sem temor,
Porque os deuses se despiram
Da subordinação temente,
Pregada pelos falsos profetas,
Que se locupletam em dízimos
Obrigatórios para a pregação da fé.

A minha praça
É a das retretas, dos dobrados,
Tocados por filarmônicas
Formadas de instrumentos vários,
Harmonizados em notas naturais,
Sustenidos, bemol e semitons,
De beleza inconteste,
Permitindo aos homens e mulheres
Se perderem e se encontrarem
Em abraços amorosos
E de amizades platônicas,
Que não se misturam
Com a falsidade e os interesses
Financeiros e econômicos
Dos pragmáticos senhores e senhoras.

Venho de um silêncio consentido,
Porque tinha-se mais que ouvir
Do que falar.
Venho de outras eras,
Das moneras
E entranhas amorosas,
Por onde passeiam os poetas,
Em versos rimados ou sem rimas,
Mas que expressam os sentimentos
Doridos de almas apaixonadas,
Em suas imaginações,
De sonhos sonhados
E versificados para a eternidade.

Venho de canções melodiosas
Cantadas pelas madrugadas,
Com os cabelos orvalhados,
De mãos limpas
A segurar o pinho sonoro,
Aviolado de cordas vibrantes,
Dedilhadas, para a canção,
Cantada, para os ouvidos
Adormecidos da donzela
Que ressurge em sua alcova,
De cetim, com os cabelos alvoroçados,
Mas, belos, negros, aveludados,
Para a carícia ou o cafuné.
Venho... E vou indo – para o nada.

Feira de Santana, 10 de setembro de 2016.